segunda-feira, 19 de julho de 2010

ah, eu tentei

gostar da
sistemática
prática
automática
tática
problemática
apática
estática
matemática.

mas sou dramática!
preciso observar a temática,
a ordenação sintática,
a linha pragmática..


eu gosto
de verdade
é da gramática.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

briga comigo?

me reproche
pelo amor de deus
me reproche!

não me trate com desprezo
ou eu fico a esmo
como sapato sem par.

também não se faça de vítima
que isso já é prova legítima
que quer me magoar.

me reproche
pelo amor de deus
me reproche!

se você não falar nada,
minha alma fica anguzada
eu é que vou me zangar.

e não ria do meu desespero,
não é com esse destempero
que vou me apaziguar.

mas também não sou fantoche,
desfaça essa cara de deboche
que aí é sacanear.

terça-feira, 13 de julho de 2010

saudade meia boca

pensei que fosse
receber hoje
um tele
fonema
seu,

mas já que
não recebi
melhor ligar
a tele
visão.

como seria bom
se a saudade
se matasse
por tele
patia.

então,

eu fui lá fora de camisola e fiquei olhando pra cima, olhando pra noite, e não tinha muita coisa pra fazer. deixei o olhar cair morto, descansando. foi aí que eu as percebi, pequeninas e silenciosas, caminhando nas telhas do portão. ah, como eu odeio formigas! mas aquelas eram diferentes.
de início eu não soube dizer bem o que acontecia: se formigas não têm pelos, como é que elas podiam estar com uma aura em torno de si? mesmo estando contra a luz do poste não fazia muito sentido um brilho daquele.
então eu resolvi apelar para a magia - na verdade aquelas eram formigas brilhantes. é, brilhantes tipo com alguma propriedade que as faça brilhar, eu sei lá. aí eu lembrei que os vagalumes brilham e não são seres mágicos, não são nem mesmo tão especiais. bem, isso não me ajudou muito a focar na 'magia' da coisa. resolvi chamá-las de 'reluzentes'. eu já começara a me frustrar.
o que é que eu diria a você? que motivo excepcional justificaria a minha notícia de haverem formigas reluzindo nas telhas do portão? que coisa comum!
bem, percebi que não havia mesmo escapatória, eu teria de ser sincera:
havia umas vinte ou trinta formigas transitanto comumente pelo telhado, fazendo coisas comuns com suas anteninhas comuns sob a luz laranja de um poste comum. e mesmo assim eu tenho certeza que você adoraria estar ali para tê-las fotografado!

como são desesperadas e feias as formigas! vai ver elas perderam um grande amor.